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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Cliente Tuga #2

"Meu rico filho!"

O cliente tuga compra em família, principalmente se for fim-de-semana. Vai o casal, a mãe dela, os 2 filhos: a Joana e o João, e só não vão o piriquito e o cão, porque os vigilantes não deixam entrar animais. E quantas vezes não fica o canito, obediente à porta, mas sempre a ganir.
É a típica família Miranda. Mira e anda.
O João e a Joana entram na loja e como crianças que são mexem em tudo. Mesmo tudo. Tiram do sítio tudo, sujam e desarrumam e os funcionários que tratem disso, porque para isso são pagos.
Aliás, é bom que os funcionários tomem conta do João e da Joana, porque se alguma coisa lhes acontecer, também é responsabilidade deles.
Por isso é que o cliente tuga se sente suficientemente à vontade para entrar na loja e deixar os filhos irem brincar com as coisas e seguem vida, passando mais de uma hora sem pôr a vista em cima dos petizes.
E depois é ver crianças de 3 anos a vaguear no parque de estacionamento, entre carros em andamento e marcha atrás, como já vi, e ir um funcionário buscá-la e os pais, que ainda não se tinham apercebido da ausência, nem um obrigado, nem um sorriso, nem um ensinamento à criança.
Por isso, é que há pais que deixam os filhos dentro da loja (menos de 10 anos) e enfiam-se no carro e só voltam dali a quase duas horas, para os ir buscar. Também já vi.
O cliente tuga não se lembra que o menino desaparecido na Madeira, também pode ser o seu filho.
E depois há os filhos que mandam nos pais. E exigem as coisas que querem, como querem, na cor que querem, com os gigas que querem (e os pais: ginjas???) e agora!
Às vezes fico admirada com a obediência. Penso: Olha, mas que bem! Merecem até um amendoim. Há pais que são tão bem mandados!
Mas o que eu mais gosto é de ver os miúdos a fazer castelinhos. Agarram nas coisas e vão empilhando umas em cima das outras. Eu não sou mãe, mas parece-me que é uma das actividades preferidas deles. E as mães a olhar e a sorrir. Às vezes, simpáticas, até olham para os funcionários e sorriem, como quem diz: "Olha, que linda é a minha cria! Vê como ela empilha tudo aquilo que te levou meia hora a arrumar e como vais perder mais meia hora a fazer o mesmo, só porque não sei ensinar NÃO!"
Amores de pessoas. E no fim é virar costas. Sem arrumar, sem um pedido de desculpas e mais uma vez sem ensinar nada à criança.
Para terminar também gosto quando os vejo a rebolar no chão. Naquela alcatifa imunda que é limpa de 2 em 2 anos. Cheia de bichezas...

"Os filhos tornam-se para os pais, segundo a educação que recebem, uma recompensa ou um castigo." 
J. Petit Senn

4 comentários:

Fernanda disse...

Tão verdade! É por isso que eu, que lido com elas tooodos os dias, digo que era mesmo, mesmo, mesmo necessário uma escola de pais! Depois vem os desgostos, só que aí já não há remédio. Tinha sido tão pedagógico ensinar-lhes os significado e a importância da palavra NÃO. Como eu digo aos meus alunos, é quando os pais lhes dizem não que os amam mais, porque dizer sim é mais fácil e dá menos dores de cabeça: queres? Pois eu posso, dou-te e não me chateias mais!E, o que gosto de ver as criancinhas a desarrumar tudo nas lojas e os pais a fazerem de conta que não é nada com eles...E a desculpa: são crianças. Pois são, mas os pais são adultos. Têm a responsabilidade de lhes ensinar a distinguir o certo do errado.(E, eu que nas lojas sou incapaz de deixar por dobrar aquilo que desdobrei para ver. Por vezes até passo por parva, pois é ver-me a recolocar tudo no respetivos sítios, dobradinho. Acredita que já me têm perguntado se me pagam para fazer isso? E, sim, também me dizem que os funcionários estão lá para isso, assim até têm com que se entreter. Enfim, haja paciência). Bjinho.

Coquinhas disse...

Trabalho numa loja e não tenho a mínima paciência para miudos chatos a quem os pais não dão a mínima atenção. E quando me mexem na montra, ui, meto logo a minha cara de cabrinha e vou ao pe deles e digo que não mexem mais :x ahah Sou mesmo má, mas não tenho pachorrinha

Panda disse...

Fernanda é mesmo isso, é mais fácil dizer sim do que perder tempo a ensinar a respeitar os outros.
Quanto às pessoas acharem que assim até têm com que se entreter os funcionários, há casos onde isso até pode acontecer, no meu caso as pessoas não vêem que atender pessoas é uma das tarefas entre gerir stock e pessoal, fazer encomendas, atender fornecedores e recepcionar mercadorias e já agora colocá-las à venda, que elas não surgem milagrosamente nas prateleiras, tratar de avarias e trocas, enfim um sem número de tarefas sem ser atender clientes.

Panda disse...

Coquinhas
Não tens tu nem tem ninguém. Tudo o que é demais, é abuso e não há santo que aguente.