Uma conhecida parábola árabe conta que um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que despertou de seu desconfortável sono, mandou chamar um adivinho para que interpretasse o que havia sonhado.
– Que desgraça, senhor! – Exclamou o adivinho. – Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
– Mas que insolente – gritou o sultão, enfurecido. – Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui! – e então chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem açoites. Mandou que trouxessem outro adivinho e lhe contou sobre o sonho. Este, após ouvir o sultão com atenção, disse-lhe:
– Excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes!
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso, e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho. E quando este saía do palácio, um dos cortesãos lhe disse admirado:
– Não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo porque ao primeiro ele pagou com cem açoites e a você com cem moedas de ouro.
– Lembra-te meu amigo – respondeu o adivinho – que tudo depende da maneira de dizer.
Parábola retirada daqui.
Na minha demanda por uma melhor "eu", tenho percebido que a forma como eu digo as coisas é algo que tenho mesmo de mudar. Eu sei que só digo a verdade. Ponto assente. Mas também sei que toda a gente diz que gosta de frontalidade, mas lá no fundinho ninguém gosta. E mais frontal que eu é difícil. E são incontáveis os dissabores graças a este feitio, para não lhe chamar defeito. Ainda hoje aconteceu uma situação do género e sei que a pessoa estava a "pedi-las", e que o que eu disse é bem verdade, mas a forma como o disse foi como se lhe tivesse atirado uma pedra.
E que ganhei eu com isso? Nada. E o que vai a pessoa retirar do que lhe disse? Que me detesta. Compreendo agora, com a cabeça fria, que a pessoa não vai reflectir no que lhe quis dizer, não vai atingir que a sua atitude provocou a minha reacção, essa pessoa vai lembrar-se de como a fiz sentir e vai detestar-me.
Podia tê-lo dito de forma a que a pessoa não se sentisse atacada, mas não. Já diz a parábola: "tudo depende da maneira de dizer".
4 comentários:
Tão verdade, Catarina!
E é com a experiência de vida que vamos controlando este feitio... Vamos ganhando bagagem suficiente para lidar com a falta de maturidade dos outros, vamos aprendendo a brincar com as palavras.
Como te compreendo...
É verdade. Mas eu não tenho emenda. Sou directa!
r: Fazes bem. Não é um programa que nos tire muitos minutos. Porém, quando começar a fazer o Bikini Body devo estar a trabalhar e, por isso, também vai ser um desafio conseguir arranjar tempo mas sei que vou conseguir. Tem de ser! Dei-me 6 meses para ter a barriga que tanto quero*
Sofro de mal semelhante. E entendo o que dizes Mas estou ensinando a controlar os meu ímpeto inicial de dizer a verdade doe a quem doer. Ser sincero assim pode ser uma caminhada solitária... Bom é que vc está vendo assim é eu tb : )
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