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sábado, 17 de novembro de 2012

Ontem fui à cabeleireira cortar as melenas que bem precisavam e entrou uma senhora dos seus quase 50. A cabeleireira estava a lavar-me a cabeça. A senhora achou por bem encostar-se entalada entre a parede e o lavatório, bem encostada às minhas pernas, assim para ficar colada à cabeleireira. E começou a carpir as suas mágoas.
Alguns pontos:

1 - É certo e sabido que as cabeleireiras deviam cobrar uma taxa a muitas das clientes pelo atendimento psicológico prestado,

2- Eu sei que há pessoas com tendência à depressão, geneticamente e em termos de personalidade. E sei que há pessoas cuja depressão é completamente justificada. A minha mãe não é a "típica" depressiva que faz queixa de tudo mas toma medicação para a depressão. Mas a minha mãe é uma mulher que aos 10 anos de idade viu-se obrigada a sair da sua aldeia, ir para uma cidade trabalhar num hotel/restaurante das 6h da manhã à meia noite, com meia folga aos Domingos (para ir à missa) e com direito a ir a casa visitar a família uma (!!!) vez por ano. Durante 4 anos. Ao fim desses 4 anos teve de voltar a casa porque a mãe dela adoeceu gravemente e tinha 5 filhos (todos rapazes) com menos de 10 anos. E a minha mãe praticamente criou os irmãos mais novos. Tinha 14 anos e cuidava sozinha de uma casa com uma mulher doente, um pai sempre a trabalhar, 5 irmãos pequeninos, uma infinidade de animais e campos... Hoje são 8 irmãos ainda vivos (tenho tias mais velhas que a minha mãe mas que emigraram novas para França e nunca quiseram saber de nada) e não se entendem.
A minha mãe casou e tem 5 filhos. Construíram uma boa casa, sem recorrer a  créditos nem a nada que se parecesse, mas com recurso a muito muito trabalho. Enfim... com uma vida dessas quem não precisaria de anti-depressivos?

3 - Voltando à história inicial, a mulher no salão de cabeleireiro queixava-se da sua depressão e do excesso de peso. Estava bem cuidada... vai semanalmente à cabeleireira, unhas de gel, mãos de quem não faz nenhum. Diz a cabeleireira: "mas se sente tão mal com o excesso de peso porque é que não se inscreve num ginásio? você tem dinheiro, tem tempo! ou então faça umas caminhadas" ao que a mulher simplesmente respondeu: "ai mas é a minha depressão! não me deixa fazer nada, passo os dias deitada no sofá". Aliás eu ouvi tais pérolas que tive de morder a língua para não explodir com a mulherzinha. A mulher não tinha problemas na sua vida. Estava deprimida porque não tinha mais nada para fazer! Concluindo:

4- Há pessoas que gostam de estar deprimidas! Que encaram a depressão como um modo de vida... é o seu passatempo! vão ao médico, tratam dos medicamentos, é o assunto de conversa com amigas e cabeleireira, é a desculpa para não fazer nada...

E caramba, há coisas na vida muito lixadas! mas é tão melhor se soubermos ultrapassar os obstáculos e não nos prendermos sempre à queixinha...

8 comentários:

dropsofmagic disse...

Odeio pessoas que auto-vitimizam, por pura preguiça, desleixo, sei lá! Mete-me nervos essa gentinha!

S* disse...

Isso não é depressão, é preguiça aguda.

Palavra Já Perdida disse...

Credo, realmente !
Essas pessoas às vezes mereciam uma resposta assim meia torta...eu sei que as depressões são chatas (quando existem mesmo), mas também temos de fazer alguma coisa..essa senhora parece que quer que lhe façam as coisas !!
Enfim.

A♥ disse...

Eu acho que o problema dessas pessoas é mesmo o não terem nada para fazer. Se tivesse de trabalhar oito horas por dia, queria ver se tinha tempo para tanta depressão.

Big Kisses

Rebeubeu disse...

Não acho que as pessoas gostem de estar deprimidas, acho que virou moda e é uma boa desculpa para tudo.
Isso e os miúdos mal comportados passarem a ser hiperactivos.

Leni disse...

enfim...

Quel* disse...

A minha mãe, devido a 15 anos de casamento que se pareciam mais com um inferno do que com um casamento, tem uma depressão há anos e não a consegue curar definitivamente. No entanto, vai trabalhar, todos os dias no final do jantar faz uma caminhada de 5km e quando chega ao sábado e ela está mais um bocado na cama, levanta-se logo e diz que se estiver na cama começa a deprimir. Por isso, eu não compreendo mesmo porque é que há pessoas que se entregam às coisas e não lutam para se livrar delas.

Karina sem acento disse...

Ora, se está deprimida por não ter nada que fazer, tem bom remédio: é arranjar o que fazer. Eu agora estou a passar uma fase também assim, mudei de país para ir ter com o meu marido e era suposto começar logo à procura de trabalho quando lá chegasse, mas por motivos médicos, uma semana antes de sair de portugal soube que teria de voltar para fazer um tratamento. Mas como já tinha a passagem comprada para lá, fui. Ou seja, ainda estou desempregada, e confesso que deprimo muito com isso, mas tento manter-me ocupada o dia inteiro. Felizmente, consegui arranjar umas coisas como freelancer e quando não tenho trabalho, invento. Ficar parada é que não.